Saúde
Capacitação das equipes das UBSs incluirá sete grandes temas
Trabalho anunciado na manhã desta quinta-feira integra a segunda etapa do programa Acolhe Bem, que busca a qualificação da rede básica de saúde de Pelotas
Jô Folha -
As equipes das 50 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Pelotas irão participar de um processo de qualificação dividido em sete módulos, com duração média de três meses em cada formação, para que, lá na ponta, o serviço possa ser melhorado para a comunidade que depende da rede pública. O trabalho, previsto para se estender até julho de 2024, foi apresentado na manhã desta quinta-feira (6) como a segunda etapa do programa Acolhe Bem. A falta de 21 médicos para completar as equipes, claro, também entrou em pauta.
Entre os benefícios que estão por vir, a expectativa é de que ao final das atividades, os pacientes passem a deixar as UBSs com encaminhamento mais qualificado a especialistas. Com protocolos mais bem estruturados e detalhados, a intenção é de que os casos mais graves sejam, efetivamente, priorizados diante dos vários gargalos no atendimento. "Vai ser um processo importante, complexo e sólido. Será um processo de qualificação longo, mas o retorno virá rapidamente", destaca a secretária de Saúde, Roberta Paganini.
A metodologia para capacitação dos servidores irá incluir quatro grandes frentes: oficinas de sensibilização - com dinâmicas, visitas, áudios, vídeos, teatro e discussão de casos -, problematização (com avaliação dos métodos de trabalho e discussão) e formação técnica. Tudo para criação de um plano de ação que permita ir em busca de soluções para os problemas e fragilidades identificados no sistema primário.
Confira os sete módulos para formação
- Rede Materno Infantojuvenil
- Rede de doenças crônicas não transmissíveis
- Rede de doenças crônicas transmissíveis prioritárias
- Rede de equidades e rede da pessoa com deficiência
- Vigilância em saúde
- Atenção especializada e hospitalar
- Rede de atenção às urgências
Faltam médicos e também recursos
Ao se manifestar durante 17 minutos, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) demonstrou entusiasmo com a nova etapa do Acolhe Bem. Fã declarada do Sistema Único de Saúde (SUS), a chefe do Executivo admitiu sentimento de frustração e impotência, ao não acabar com o déficit de 21 médicos na rede básica. "Sei que é um problema muito sério a falta de médicos na atenção primária. Nós já aumentamos o horário plantão de R$ 50,00 para R$ 80,00 e tínhamos um planejamento para o ano que vem que significaria um investimento de aproximadamente R$ 14 milhões que nós acreditávamos que atenuaria brutalmente esse déficit", afirmou.
O recurso que permitiria o pagamento de valores mais convidativos aos profissionais, entretanto, teria sido engolido pela redução do repasse a ser liberado a Pelotas, em decorrência da redução do ICMS dos combustíveis e das telecomunicações. "Serão R$ 70 milhões a menos no nosso orçamento do ano que vem, fruto de uma decisão do governo federal", lamentou. E subiu o tom da crítica: "Além de tudo foi uma decisão eleitoreira, às vésperas de uma eleição, desrespeitosa com a constituição federal e com a legislação eleitoral", cutucou a prefeita. "Mas quem vai pagar esta conta será a população. (...) Estão dando com uma mão e vão cobrar com as duas e estão começando a tirar com as duas".
Resultados positivos com a primeira etapa
Dados divulgados pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Areal e revelados durante a cerimônia desta quinta, no Salão Nobre, demonstrariam os efeitos positivos do sistema de acolhimento implementado em abril nas UBSs, que eliminaram a antiga distribuição de fichas e instituíram a classificação de risco; como já ocorre há anos no Pronto-Socorro de Pelotas (PSP), por exemplo.
Em abril, cerca de 1,5 mil pessoas que procuraram a UPA foram enquadradas na cor azul, com quadros de saúde mais leves que deveriam ser resolvidos nas próprias Unidades Básicas, perto de casa. Em setembro, cinco meses depois, o número de situações classificadas como azul foi reduzido para apenas 105 pacientes, o que representa menos de 10% do volume registrado em abril. "Isso revela a confiança na mudança do processo", aposta a secretária de Saúde.
Atualmente, com o novo sistema, nem todos os moradores são atendidos no dia em que buscam o socorro, conforme a avaliação dos sintomas. Na prática, em alguns casos a população acaba por recorrer a outras unidades, infelizmente, por falta de médico à disposição.
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